Dr. Diego Peres Magalhães |
Venho aqui tentar regar um pouco essa semente que nosso amigo Fabrício está tentando plantar. Será que “adotar” uma criança especial e atendê-la em nosso consultório é realmente possível? Essa é a pergunta que a maioria de vocês deve estar fazendo. SIM, É POSSÍVEL!
Antes de tudo quero por alguns dados para vocês se situarem da realidade em que vivemos e insistimos em não enxergar. Segundo a Organização Mundial de Saúde, em torno de 10% da população mundial é considerada ESPECIAL, sendo 50% destes indivíduos com deficiências mentais. Essas condições mentais podem ser divididas em leves, moderadas e profundas. Os pacientes portadores de distúrbios mentais leves são a grande maioria (cerca de 85%), sendo estes PERFEITAMENTE condicionáveis de se atender em ambiente ambulatorial, vulgo nosso consultório.
Então, visto que quase a totalidade dos pacientes com distúrbios mentais podem ser atendidos ambulatorialmente, por que estes têm tanta dificuldade de acesso a esses serviços? A resposta que mais costumo ouvir é que nós, CDs, não temos preparo suficiente para realizar o atendimento, principalmente pela lacuna existente nas grades curriculares dos cursos de graduação [o que não deixa de ser uma verdade].
Entretanto, o que mais precisamos para realizar esse tipo de atendimento chama-se ESTABELECIMENTO DE VÍNCULO. Isso mesmo! Vínculo entre você CD, a criança especial e, principalmente, dos cuidadores. E isso não ocorre em uma só consulta. Esse é o maior erro dos colegas que tentam atender uma criança especial. Provavelmente durante uma primeira consulta, você não conseguirá realizar quase NADA durante o atendimento (embora seja importante fazer algo, nem mesmo que seja uma escovação supervisionada). Esse vínculo virá após várias consultas. A criança se acostumará com o ambiente, com os barulhos (que não são poucos!), e principalmente com VOCÊ (o tão famoso condicionamento). Os cuidadores perceberão a importância disso tudo e entrarão no jogo, te ajudando ao máximo possível na realização dos procedimentos e, principalmente, em casa ao realizar o cuidado diário da boca do nosso coleguinha especial.
Claro que o atendimento a crianças especiais não se resume a isso. Mas fazer isso já é mais do que meio caminho andado para o sucesso! Então, o que custa você ser um pAPAE Noel? Vamos ajudar a regar essa semente!
Abraços!
Diego Peres Magalhães
Mestre em Clínica Odontológica/Estomatologia pela Universidade Federal do Ceará(UFC)
Especialista em Odontologia para pacientes portadores de necessidades especiais - ABO/CE
Especialista em Endodontia - UFC
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